Amor com amor se paga, já dizia o camarada Stálin, e com a gentileza (que é quase amor) é a mesma coisa. Semana passada o Edson Aran me apresentou aos leitores dele; hoje eu é que o apresento ao(s) amigo(s). Edson escreve a newsletter do Aran, é desenhista de mão cheia, jornalista, espiroquetista, satirista e humorista, e vale a leitura e a visita do amigo que me lê. Eis aqui o traço e o estilo do rapaz. Enjoy.
BIO
Os Arans migraram das Ilhas Aran para o Brasil em 1615, depois que Haran, o Benevolente, começou a ser conhecido como Haran, o Seviciador de Ovelhas, por conta da indiscrição de um vizinho. A família se enfiou no interior de Minas Gerais e mudou o nome para “AranTES” para não ser reconhecida na rua.
Uma mistura de jornalismo com êxodo rural me fez vir para São Paulo tem mais de trinta anos. Já me considero um nativo porque a cidade foi construída por imigrantes. A nobreza aqui é carcamana: os Matarazzo, os Meneghetti, os Tosetto. Como sou meio italiano por parte de uma avó paterna, me sinto em casa.
Faço uns trens de humor. Nem sempre fica bom, mas eu insisto. Aí vai.
A PRÁXIS É NOSSA
Edson Aran
Vladimir Lênin está sentado no banco da Praça Vermelha. Entra Karl Marx.
Karl Marx: Oh, querida/Oh, querida/ Oh, querida Clementina...
(Muda o ritmo da música)
Karl Marx: De pé, oh vítimas da fome! De pé, famélicos da Terra/ Da ideia, o povo já consome/ A costa bruta que a soterra…
(Gargalhadas)
Karl Marx senta no banco ao lado de Vladimir Lênin.
Lênin: Grande Karl Marx! Seja bem-vindo, pai do materialismo dialético...
Marx: Quem você chamou de diabético?
Lênin: Dialético! Eu falei dialético!
Marx: Sim, meu filho, eu sempre fui muito eclético. Sou filósofo, revolucionário e também economista (risos). E você? Como vai, meu amiguinho? (risos)
Lênin: Muito bem, e a senhora, como vai?
Marx: Ah, meu filho, sempre incentivando a luta de classes...
Lênin: Excelente, camarada. Isso é de grande importância para a estratégia revolucionária...
Marx: Ah, então você virou uma velha reacionária...
(risos)
Lênin: Que velha reacionária?! Tá maluca?! Eu estava falando da revolução proletária!
Marx: Ah, e também é otária. É otária! Mas que coisa...
(gargalhadas)
Lênin: Ai, meu deus, não me confunda...
(risos)
Karl Marx fica de pé e bate com o guarda-chuva na cabeça de Lênin.
Marx: É você que vai dar a sua, atrevido! Me respeita que eu sou filósofo!
(gargalhadas)
Lênin: Vamos mudar de assunto, vamos mudar de assunto. E então, está bacaninha o proletariado?
(risos)
Marx: Olha, eu também acho, viu? Sempre achei. Esse Bakunin é muito
viado! (gargalhadas) Anarquista é tudo esquisitão...
Lênin: Eu não falei do Bakunin! Você ficou surdo de vez!
Marx: Vou te mostrar quem é burguês! Me respeita que eu sou comunista!
Lênin: Você é um comunista que não escuta!
Marx: Puta, não! Puta, não! Eu meto a mão na sua cara, Carlos Alberto!
(gargalhadas)
Lênin: O meu nome é Vladmir Lênin. Ah, fica aqui no banco que eu vou chupar um sorvete...
(gargalhadas)
Marx: Hmmmm. Eu tinha certeza que você gostava...
Lênin: Gostava do quê?! Eu falei chupar sorvete! Sorvete! Você sabe que eu sou é macho com H na defesa do operariado.
Marx: Ah, também é operado... (gargalhadas) Mas quando você cortou, doeu muito?
Lênin: Não doeu coisa nenhuma, velha ranheta!
(risos)
Marx: Ah, então agora você tem uma, é? (gargalhadas) E você tá usando bastante?
Lênin: Pra mim chega! Eu vou nessa que não está dando mais.
Marx: Ah, está dando pra um rapaz… (gargalhadas) Esse rapaz por acaso é o
camarada Stálin?
Lênin: Isso aqui já virou mais-valia!
Marx: Tua mãe que é vadia! Tua mãe que é vadia!
(Gargalhadas.)